Oitocentos milhões de seres humanos já romperam a marca que divide o excesso de peso da obesidade. Saíram da posição de risco para a triste condição de vítimas de uma das mais preocupantes epidemias do século 21.
O Brasil contribui de forma significativa para esse quadro. Por aqui, quase 20% da população adulta é obesa, um contingente superior a 40 milhões de pessoas. Crianças e adolescentes não escapam da mórbida estatística. Ela inclui 7% dos baixinhos com menos de 5 anos de idade. Na faixa de 5 a 9 anos, são mais de 13%. E, no caso dos adolescentes, quase 10%.
No rastro do peso, surge uma série de riscos à saúde física e mental. Diabetes, hipertensão, AVC, alguns tipos de câncer e os efeitos de ordem psicológica – tais como problemas de autoestima, bullying, isolamento social e tantas outras consequências devastadoras. Isso sem falar da Covid-19. O coronavírus é extremamente cruel com os obesos, por conta da pressão e da glicemia elevadas.
Não faltam motivos para se preocupar com a relação da humanidade com a balança. As causas também são bem conhecidas. Além de uma participação da herança genética, são os maus hábitos alimentares, o sedentarismo, as influências sociais e culturais do ambiente em que se vive e os gatilhos emocionais. Some-se a isso a prolongada quarentena e seus respingos sobre a vida socioeconômica de todos nós.
Um enredo trágico por si só. Difícil de nos fazer vislumbrar um final feliz. Isso porque continuamos, como em tantos outros dramas e tragédias humanas, tratando mais dos sintomas do que das causas de nossas feridas. Nos últimos sete anos, houve um expressivo aumento de cirurgias bariátricas no Brasil, 85% a mais. Hoje, são mais de 63 mil procedimentos do gênero ao ano. Considerando aí que os planos de saúde impõem uma série de pré-requisitos para autorizar a intervenção, e desde que – caso a obesidade seja pré-existente – o beneficiário cumpra o prazo de dois anos de carência.
Claro que oferecer essa solução a quem não tem mais o que fazer para vencer a obesidade é algo necessário, uma importante alternativa de resgate da saúde e da autoestima, seja pelo SUS ou pela saúde privada. Mas não pode, jamais, ser prioridade.
Então, voltamos à já antiga e inadiável urgência da saúde pública: prevenir para não remediar. Não deixem que as crianças e adolescentes virem reféns do peso. Ajudem os adultos a colocar mais do que o corpo na balança. É preciso fazer sopesar os prós e contras diante de uma bela pizza, estimular a reflexão na hora do churrasco cheiroso regado a chope. Lançar a disputa interior entre um doce saboroso e uma sofrida dor, seja na carne, seja na alma. Não há mais tempo para omissão, tanto dos organismos e profissionais de saúde como da indústria alimentícia, tampouco das autoridades e – prestem atenção – dos pais.
A vacina vai chegar, a Covid-19 vai passar, e a obesidade continuará abalando e tirando vidas em ritmo acelerado. Trazendo excesso de massa à silhueta de nossos jovens, e um peso insuportável à consciência de quem fecha os olhos para a balança.
Não hesite em agir por falta de apoio ou orientação. Essa é nossa razão de existir: buscar serviços e soluções que garantam a saúde e a segurança da sua empresa e de sua família. Afinal, benefício é sinônimo de bem-estar!